Turismo Histórico: Saiba os principais roteiros do Rio de Janeiro
fevereiro 26, 2021Além de ser uma das regiões mais conhecidas do mundo, por ser centro de grandes eventos e badaladas atrações, o estado do Rio de Janeiro destaca-se por sua riqueza histórica. Logo, passeios de caráter pedagógicos também são uma ótima atração para aqueles que se interessam em conhecer um pouco mais sobre o passado do Brasil. No post de hoje trouxemos 3 opções de roteiros para aproveitar com a família, os amigos ou até mesmo levar seus alunos para conhecer.
Vale do Café
Localizado no Vale do Paraíba Sul Fluminense, o Vale do Café é a denominação turística da região composta pelos municípios de Vassouras, Valença, Rio das Flores, Barra do Piraí, Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Paty do Alferes, Miguel Pereira, Paraíba do Sul e alguns distritos como Ipiabas e Conservatória, que pertencem a Barra do Piraí e Valença, respectivamente. Destaca-se por conservar em seus territórios casarios antigos, igrejas, estradas e fazendas que pertenceram aos famosos barões do café, de grande importância no Século XIX.
O ciclo do café foi muito relevante para ascensão econômica do Brasil na década de 1860. Nesta época, o Vale do Paraíba Sul Fluminense era responsável por 75% do café consumido no mundo e garantia ao país a condição de líder mundial na produção e exportação do produto. Com o dinheiro adquirido a partir da venda do café, o Brasil pode desenvolver sua infraestrutura, construindo ferrovias, asfaltando terras e iluminando praças.
Além disso, as moradias dos barões tornaram-se verdadeiros “palácios rurais”, repletos de artigos de luxo importados, em sua grande maioria, da França. Ainda hoje, propriedades como esta estão à disposição para aluguel e venda. Já pensou em morar numa casa em Petrópolis, assim como a família real e os nobres do café?
Hoje, os atuais proprietários das fazendas, por iniciativa própria e com o apoio de entidades como o Intituto Preservale, o Conciclo (Conselho de Turismo da Região do Vale do Café), o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico nacional), e o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), vêm unindo esforços para manter esse patrimônio histórico. São realizados eventos culturais e comerciais com a temática do café e diversas pousadas mantém o turismo da região. Para conhecer mais sobre as fazendas históricas, o Portal Vale do Café elaborou um mapa virtual interativo no qual o usuário pode aventurar-se pelos roteiros e escolher os destinos os quais pretende visitar. Para acessar o mapa basta clicar aqui.
Estrada Real do Rio de Janeiro
A Estrada Real é a maior rota turística do país, com mais de 1.630 quilômetros de extensão, passando por Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Ela denomina os principais caminhos cuja construção e manutenção eram de responsabilidade da Coroa Portuguesa, e está diretamente relacionada com a atividade mineradora.
A sua história surge em meados do século XVII, quando a Coroa Portuguesa decidiu oficializar os caminhos para o trânsito de ouro e diamantes de Minas Gerais até os portos do Rio de Janeiro. Após a independência do Brasil em 1822, a via passou a ligar a Quinta da Boa Vista à Fazenda Imperial de Santa Cruz, sendo usualmente percorrido pelo imperador e pela sua família.
No Rio de Janeiro, a estrada principal ramifica-se em: Caminho Velho, Caminho Novo e Caminho de Proença. O Caminho Velho ia de Paraty a Vila Rica (atual Ouro Preto), e estendia-se por mais de 1.200 quilômetros, percorridos em cerca de 95 dias de viagem. Tinha como principal objetivo escoar o ouro de Minas para os Portos do Rio de Janeiro, onde então embarcava para Portugal. O Caminho Novo ia do fundo da baía de Guanabara até encontrar o Caminho Velho, em Ouro Branco. Foi aberto por Garcia Rodrigues Pais em 1707, como alternativa ao Caminho Velho e utilizado para escoamento do café do Vale do Paraíba, por tropas. Seu calçamento ainda persiste em excelente estado de conservação. Por fim, o Caminho do Proença era uma variante do Caminho Novo que passava pela atual cidade de Petrópolis e por Santana de Cebolas, atual distrito de Inconfidência em Paraíba do Sul. Este novo trecho reduzia o tempo de viagem entre o Rio de Janeiro e Vila Rica de quatorze a apenas dez dias, tornando-se o favorito dos tropeiros e viajantes.
Um dos maiores desafios hoje é resgatar através da Estrada Real as tradições do percurso, valorizando a identidade e as belezas da região. Diante do progresso urbano, os antigos marcos se confundem atualmente, na paisagem, com os balizadores e o caminho virou avenida, rua ou alguma construção. Iniciativas, como da prefeitura do Rio de Janeiro, com o apoio de algumas universidades da zona oeste tem instalado sinalização indicadora do primitivo traçado do Caminho Imperial. Além disso, o Instituto Estrada Real foi criado como um dos principais organismos que defendem a manutenção e o estímulo ao turismo na região. Em seu site, eles apresentam uma breve descrição dos caminhos a serem percorridos, de acordo com as temáticas que o turista tem mais interesse em conhecer (Natureza, História e Gastronomia), e oferecem mapas interativos que podem ser acessados clicando aqui.
Aldeias dos Povos Originários
Para aqueles que têm interesse em conhecer a história mais distante do povo brasileiro, o Rio de Janeiro é berço de alguns dos principais povos originários indígenas da região: os Tupi Guarany. São diversas aldeias e reservas indígenas demarcadas pela FUNAI, destacando-se entre elas a Aldeia de Camboinhas, que foi considerada pelo Mapa de Cultura do Rio de Janeiro como um dos Patrimônios Imateriais do Estado. Isso mostra que além de belas casas de praia em Niterói também há muita cultura!
A aldeia indígena Tekoa Mbo’yty foi fundada em 2008 pelos índios Tupi Guarany de Paraty Mirim, que voltaram ao lugar considerado sagrado por eles, na praia de Camboinhas, sendo um sítios arqueológicos com sambaquis de 6 mil anos de idade. O nome significa Aldeia de Sementes, em português, e remete ao incêndio na sua antiga aldeia, em 18 de julho de 2008, no qual todos os pertences das famílias foram queimados, inclusives livros que guardavam segredos da cultura indígena, escritos por anciãos já mortos. No entanto, dos colares que queimaram no incêndio, nasceram sementes e dali a tribo criou força para continuar no local.
A tribo de 15 famílias, com 63 pessoas, sobrevive da pesca e da venda de objetos indígenas, como arco e flechas, lanças, pulseiras, brincos, cestaria e bichinhos de madeira. Eles mantém suas tradições cantando, todas as noites, canções sagradas milenares. No mês de janeiro, também realizam o Nhemongari, batizado das crianças e das sementes para proteger de pragas. A fim de conectar-se com a comunidade, as famílias da tribo realizam atividades culturais abertas ao público, e divulgam seu trabalho em um site.